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Sobre a vida de Don Tomatito, que é um ser frágil como há muito não se via... As Aventuras de Don Tomatito pretendem levar, tão somente, as crianças e os adultos a lerem juntos. E a razão é muito simples: a necessidade de compreensão mútua que só uma união desta natureza pode originar. Não, não depende nem de assunto, nem de idades. E as semelhanças com factos reais são pura distracção. Mas Don Rico esforça-se por não se distrair muito. As aventuras aparecerão todas por aqui, e por aí, como aperitivo, como lanche, e mais cedo ou mais tarde Livro-me delas! Obrigado!

13/01/12

O LANCHE DO PIRATA (1)

Estava a Primavera para chegar - que é quando as flores começam a ficar bonitas e bem cheirosas, e os pássaros a assobiar melodias de encantar - quando nasceu um bébé muito chorão, como todos os bébes quando nascem, a quem a mamã Fâni e o papá Ossé decidiram dar o nome de... ai! Não me consigo lembrar do teu nome. Diz-me lá como te chamas?... Ah! Sim, Tomatito. Don Tomatito que é nome de rapaz a crescer. Pois é, o Don Tomatito têm outro primo rapaz que se chama?... Também não me lembro. Don Tomatito, diz-me o nome do teu primo, que é filho da tia Lú... Isso mesmo, Donçalo. Pois, segundo ouvi dizer, um belo dia de verão, alguns anos mais tarde, o Don Tomatito e o Donçalo foram até à praia da Apúlia.
Partiram de manhã bem cedo, no comboio da C,P –Chega, Pois- sózinhos e de malas aviadas como gente grande. Levavam sandes de fiambre, de queijo, coixas de galinha, iogurtes de morango, uvas, duas meloas madurinhas, caldo verde, salpicão, regueifa, rabanadas, sumo de laranja e cinco litros de água. Sim, cinco litros de água porque estava um dia muito quente. Quando chegaram à praia da Apúlia, instalaram-se no melhor sítio que havia –porque foram os primeiros a chegar puderam escolher à vontade. Estenderam as toalhas, tiraram os sapatos, as calças, as camisolas e zás, enfiaram os calções de banho azuis com riscas vermelhas -quase parecia uma bandeira! Posto isto, e como eram meninos bem conhecedores destas andanças, besuntaram-se de creme, muito creme protector para não tostarem a pele. E foram logo a correr para a água, tal era a vontade de nadarem, de chapinarem. E nadaram de costas, de bruços, nadaram debaixo d’água, na crista das ondas.
Que beleza! Sim, que beleza de vida!
-Siga a avioneta! -disse o Don Tomatito.
-Eh! cara-de-pau! -disse o Donçalo.
E nadaram mais até ficarem muito cansados. Então, decidiram voltar e deitaram-se nas toalhas, para secarem e bronzearem a pele. Mas logo, que isto de ser rapaz a crescer têm os seus quês, decidiram improvisar uma mesa, e sem pestanejar zás, uma sandes de fiambre pró Tomatito, zás, uma sandes de queijo pró Donçalo, zás, uma colher de caldo verde e um pedaço de regueifa com salpicão, e zás, um iogurte, uma meloa e uma golada de sumo de laranja.
-Ahhhhh! Que belos petiscos -disse o Donçalo.
-Deixa de coisas, primo, e passa mas é as rabanadas, que eu estou cá com uma fome - disse Don Tomatito.
E zás, uma coxa de galinha e outro pedaço de regueifa; outra rabanada e umas uvinhas.
Ai! Ai! Meus amigos, era um regalo vê-los a comer e a falar. E estavam, meus senhores e minhas senhoras, tão entretidos, os rapazes, e contentes com a petiscada, que comeram tudo e não deixaram nada. Nada, dona Rifa, mesmo nada! Mas nem preocupação, ou coisa que se pareça. Saciaram a barriguinha e siga a avioneta. E logo foram dar uns chutos na bola. Depois foram brincar com o papagaio de papel, mas como não corria vento, rápidamente se cansaram de correr com o papagaio e foram fazer castelos de areia. Mas, e sem muita demora, desistiram.
Porquê? -perguntam os mais crescidos, e perguntam bem! Mas eu vou contar-vos o que se passou. Foi como uma aventura no castelo mágico; que é onde os meninos brincam a andar de cavalo, a voar nos aviões e nas avionetas.
Pois foi, foi uma avioneta que os distraiu, e que era do senhor Paúl -homem grande e bom condutor. E a história começou assim: o senhor Paúl, que também tinha vindo para a praia, estava sentado mesmo ao lado do Donçalo e do Tomatito, com a sua mulher, a dona Com Sem Som. E o senhor Paúl contava à sua mulher histórias das mil e tantas viagens que fez em Portogalo de lés a lés, que quer dizer: do norte até ao sul, da montanha até à praia. Mas não eram histórias mágicas, apenas coisas muito normais, até mesmo banais. Mas Don Tomatito, que já estava com a imaginação a trabalhar, começou a sonhar em fazer uma viagem fantástica, com o primo Donçalo. E disse assim:
-Ò primo, e se nós convencêssemos o senhor Paúl e a dona Com Sem Som a fazer uma viagem de aventuras?
-Boa ideia -disse o Donçalo. Deixa comigo, que vou já falar com o senhor Paúl.
E foi! Dito e feito, convenceu o homem a entrar na onda da aventura.
-Então, menino Tomatito, diga-me lá o que é que quer fazer?
-Bom, sabe o senhor que nós comemos tudo e só deixamos os cinco litros de água por beber. E eu pensei cá com os botões que a Dona Rifa usa na costura de blusas que faz prás senhoras de Pá Redes, quase de graça - deve ser por isso que ela se chama Rifa de Graça, mas isso é outra história. O que eu pensei foi em ir à procura do tesouro do lanche, que o Pirata da Perna de Mau, escondeu na Ribeira Francesa. Mas como eu e o Donçalo não temos carta de aviação, então pensei que seria uma grande, muito mesmo, ideia convidá-lo para lanchar comnosco o tal lanche do Pirata. E é por isso que eu lhe proponho esta fantástica aventura. E mais, com a sua grande habilidade para pilotar avionetas e a minha fantástica imaginação estamos lá num abrir e fechar de olhos, mesmo à hora de lanchar, e regressamos noutro abrir e fechar de olhos. Então, o que me diz desta fantástica ideia?...
-Acooooooorda, Tomatito, já é de manhãzinha!
-Ahhhhhh! É você, senhor Paúl? -perguntou o Tomatito, enquanto se espreguiçava na cama.
-Não! É a mamã!
E foi assim, meus amiguinhos, que o Don Tomatito e o Donçalo viveram uma grande aventura... sem sequer sairem da cama.
Beijinhos muito fofinhos para todos os que estão  sempre a sonhar; mesmo que não seja com o lanche do Pirata da Perna de Mau.
Adeus, e até à próxima viagem! Adeus!